Jornada

Eles me diziam que não!
E quantas vezes eles conseguiram me convencer?
Quantas vezes me fizeram acreditar que eu não poderia ser?
Eram bolas de futebol, eram calças, moral, 
eram olhares do mal, ou palavras de cardeal.
Era tanta coisa estrututal
e eu não aguentava mais.

Quantas vezes eu tive, e tenho, que me provar?
Quantas vezes eles vão tentar me descreditar?
Cruzei fronteiras, aprendi línguas, eu fugi pra me encontrar.
Eu não vou deixar que eles tentem me calar.

Eram luzes que me deixavam tremendo
Era o salto que meus pés deixava doendo
Cada palavra na ponta da língua, um momento de muita emoção
Me livrando de um peso que estava no coração.

Diziam:

-Não é o suficiente!
-Seu sotaque é muito presente!
-Ela não pertence aqui!

Foi cada coisa que ouvi. 

Julgamentos injustos, olhares de gente feia
Às vezes eu ficava cheia, 
mas eu segui em frente.

Eu sou aquariana, filha de pernambucana.
Quanto mais tentam me impedir, mas eu vou querer subir. 

Eu trago o Brasil no peito e o Rio no bolso
Eu seduzo com olhar, não só com o corpo
E por mais que muitas vezes eu esteja na corda bamba
Brasileiro não desiste, samba. 

Muitos dirão:

-Você nunca será, não é possível!
E eu vou dizer:
-Eu já cheguei, irreversível.

Dirão:

-Muitos tentaram e não chegaram.
E eu vou dizer:
-Eu não aceito! Eu quero mais. Entenderam? 

Muito mais!

Eu não vim a esse mundo à toa. Eu represento o meu país. Sei que comigo existem tantos outros que buscam seu final feliz.

É isso aqui que eu sempre quis.